Parintins, a ilha batizada por Orellana como “Las Picotas”

Parintins (AM) – Quando o capitão espanhol Francisco Orellana viajava em busca do país da Canela e do “El Dorado”, viu, às margens do rio Amazonas, cabeças de indígenas secas espetadas em estacas. Era a primeira notícia publicada sobre a cidade de Parintins descrita no diário (que hoje se encontra no museu de Madrid, na Espanha) de Frei Gaspar de Carvajal, no dia 23 de junho de 1542.

Por causa disso chamaram o pequeno povoado de “Las Picotas”, que significa também “Pelourinho”, que seria uma pedra pública onde se expunham inimigos mortos ou criminosos.

Parintins foi palco de grandes guerras entre povos indígenas. Na maioria das vezes as cabeças expostas eram de integrantes do Povo Mura exterminado pelos Mundurucu. Segundo a pesquisa de Max Nogueira, “As cabeças dos homens eram decepadas, preparadas por um processo que ficou conhecido como mumificação e, depois, mantidas como troféus de inestimável valia para os Mundurucu”.

Hoje, mais de quatro séculos depois, o cenário é bem diferente. A chegada à antiga ilha “Las Picotas” é sinônimo de alegria. Quem aporta em Parintins (a 369 quilômetros de Manaus) de barco, ou lancha, como fez Orellana no Bergantim Victória, de longe, ainda no rio, avista a majestosa Catedral de Nossa Senhora do Carmo. Já quem chega por meio aéreo ou de “asa dura”, como o parintinense denomina o avião, logo avista a igreja de São Benedito, às margens do rio Parananema, e um dos monumentos da cidade, o portal em formato de cocar. Para os indígenas, o cocar representa poder, conquista, pois apenas os grandes líderes espirituais e tribais podiam usar.

Imagens aéreas de Parintins nos anos 1950. Foto: Reprodução Parintins de antigamente.

História

A historiadora Larice Butel considera que a cidade de Parintins tem pelo menos três datas de fundação. A primeira, quando as missões religiosas encontram o que ela chama de “Província dos Tupinambaranas”, em meados de 1600.

O segundo momento ocorre com a instituição da missão de São Miguel dos Tupinambaranas, em 1669, coordenada pelo padre jesuíta, o alemão João Felipe Betendorf, fundador da missão dos Tupaiú (Santarém – Pará). O terceiro momento ocorre com o decreto de 15 de outubro de 1852, que transforma Parintins em município.

Mas, a cidade também já foi chamada de Ilha Las Picotas, São Francisco Xavier dos Tupinambaranas, Tupinambarana, Vila Nova da Rainha, Freguesia de Tupinambarana, Vila Bela da Imperatriz e Parintins. Oficialmente, no último dia 15 de outubro de 2023. Parintins comemorou 171 anos de emancipação política.